Será que estamos fazendo o possível para que a água seja mais bem aproveitada?

 

            Acredito que a maioria das pessoas saiba o quão importante é a água, mas nem todo mundo faz alguma coisa para poder aproveitá-la da melhor maneira possível.

A coleta da água de chuva, por exemplo, é uma forma acessível para muitos, pois necessita somente de um simples recipiente para coletá-la. Existem maneiras mais sofisticadas de utilizar a água da chuva, pensar nisso durante a construção de uma obra é uma alternativa para gerar economia e preservar essa riqueza natural. Essa atitude deveria ser pensada nos diferentes segmentos, como residências, comércios e indústrias.

            De acordo com Vanessa Sardinha dos Santos, a água das chuvas pode ser usada para diversas atividades domésticas, como a irrigação de plantas e higiene doméstica (lavar calçadas, o carro, descarga do vaso sanitário).


Existem políticas públicas que incentivem o uso adequado e o reaproveitamento da água?


Em conversa do professor Ivanildo Hespanhol (fundador e diretor do Centro Internacional de Referência em Reuso de Água) em 26 de junho de 2016com o Correio da Paraíba ele conta que a cada 100 litros de água distribuídos, 80 litros vão para o esgoto após utilização na indústria, comércio e residências e acabam nos mananciais que abastecem as cidades. Segundo ele, a solução mais viável é tratar a água após a utilização e reaproveitá-la. Para ele, há tecnologia disponível, inclusive mais barata do que a transposição de águas. O professor também fala sobre a qualidade da água tratada no reuso, diz que ela é viável economicamente e mais segura do que a disponível hoje. Confira alguns trechos dessa conversa superinteressante:


-O reuso da água é uma das alternativas para a gestão de recursos hídricos no futuro?

O Brasil está muito atrasado na área de reuso. Os países em desenvolvimento e os industrializados já partiram há muito tempo para a prática de reuso de água.

- Nenhum Estado se interessou no Brasil?

Quem iniciou já algum tempo, fazendo, inclusive, grandes investimentos, foi a indústria, que está estabelecendo sistemas de tratamento para recuperar os resíduos delas tratados e reutilizar no processo industrial ou em outros processos na própria indústria.

- A reutilização pode ser feita indefinidamente?

Depende do sistema de tratamento que se instala. Os sistemas mais convencionais de tratamento, por exemplo, não removem sais. Se a gente continuar indefinidamente reciclando num sistema convencional, vai acumulando sais e chega uma hora que não se pode mais utilizar aquela água.

- Isso para fins de consumo humano?

Ou para algum outro processo. Por exemplo: posto de gasolina. Eles têm uma possibilidade de coletar água de lavagem de veículos e ir reciclando, mas depois de dois, três ciclos por causa do sabão – que é um sal – se acumula e a água, começa a ficar com mau cheiro e fica turva sem qualidade para lavar carro.

- Mas há possibilidade de reuso permanente?

Para isso a gente tem que fazer uma mistura de processos. Trata uma parte reciclando e misturando água potável. Sabe-se quanto se deve por de cada uma para manter essa água circulando por determinado tempo.

- Não há alternativa?

Há a opção de um tratamento avançado, que remova os sais de uma maneira total, com um dessalinizador ou com membranas de osmose reversa, que, teoricamente removem tudo. Só passa água. Temos membranas de micro-filtração, de ultrafiltração, de nanofiltração e de osmose.

- O que impede que o Brasil tenha uma política mais agressiva de reuso de água?

Faltam basicamente duas coisas, uma delas vontade política. Não há hoje uma decisão, a nível federal, para implementar o reuso no Brasil.



- Qual a segunda?

A falta de um arcabouço legal realista. Falta uma estrutura de gestão e normatização do reuso. No Brasil há uma tendência – isso vem de São Paulo – de fazer normas extremamente restritivas, que têm, como única função, inibir a prática do reuso. Porque não se consegue obter a qualidade de água para reuso, mesmo não potável.

- O que o senhor quer dizer com água segura?

Que nós podemos partir, por exemplo, do esgoto e obter água potável. e podemos produzir água com qualidade muito superior a potável. A indústria farmacêutica exige uma água de qualidade melhor que a potável, por exemplo, para injetáveis. E podemos produzir essa água a partir de esgotos.



-A falta de uma política de incentivo ao reuso também não tem a ver com a generosidade com que o Brasil foi beneficiado pela natureza com tanta água doce?

Depende. São Paulo, por exemplo, está situado num planalto a 750m acima do nível do mar. E estamos na cabeceira do rio Tietê. Não há água para 20 milhões de habitantes. O que se está fazendo hoje em São Paulo é totalmente errado: estão trazendo água de fora, de cada vez mais longe, de bacias adjacentes ou longínquas, a um alto custo e tirando água de bacias que já estão com problemas de estresse hídrico.

- A interligação de bacias seria uma solução?

- Depende do custo. Por exemplo, no Nordeste, a transposição de águas do São Francisco é a única solução porque não tem outro jeito, não tem água. Mas o custo é enorme. Se tivesse água, fazer o reuso seria muito mais barato do que essa transposição. Agora o reuso que a gente tenta fazer em São Paulo seria salutar porque o custo seria bem menor. Teríamos água de altíssima qualidade com a chamada água de dentro, água que está lá, a prova de seca.”

Leia a entrevista na íntegra acessando:

https://correiodaparaiba.com.br/politica/reuso-de-agua-ja-e-realidade-mas-faltam-politicas-publicas-de-incentivo/Luiz Carlos Sousa / 26 de junho de 2016


Referências utilizadas:
https://mundoeducacao.uol.com.br/biologia/como-podemos-aproveitar-

https://correiodaparaiba.com.br/politica/reuso-de-agua-ja-e-realidade-mas-faltam-politicas-publicas-de-incentivo/


Publicado por Deise Fogiato.

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